Provavelmente, em algum momento de sua vida, você já escutou a expressão “inversão de valores“, e é dessa maneira que nos referimos a fatos que parecem extremamente injustos ou incoerentes.
Por exemplo: Digamos que, ao assistir a um canal de notícias ou ler o jornal, você se depare com a história de um policial que foi claramente sentenciado injustamente ou com um tempo de prisão exagerado, simplesmente por neutralizar um criminoso altamente perigoso em pleno ato. E, do outro lado, um assassino que cometeu um crime violento de forma voluntária recebe uma sentença mais leve que a do policial, que estava apenas evitando uma tragédia maior.
Alguma vez, ao ver uma dessas “injustiças”, você se perguntou por que isso acontece? Não seria, talvez, essa “inversão de valores” na verdade melhor chamada de crise de valores morais?
Mas, afinal, o que são valores morais?
Valores morais são as ideias que nos orientam sobre o que é certo ou errado na vida e nas relações com os outros. São esses princípios que nos ajudam a conviver, a respeitar e a manter um mínimo de harmonia na sociedade. Eles funcionam como um guia para não perdermos a noção do que vale a pena preservar. Exemplos de valores morais são: honestidade, respeito, responsabilidade, solidariedade e justiça.
Se estamos falando sobre o certo e o errado, chegamos à questão central do tema: esse certo ou errado seria absoluto ou relativo? Hoje em dia, ele é relativo (pelo menos no Ocidente e em culturas seculares), mas, antes disso, esses valores eram vistos como absolutos, uma herança da filosofia clássica e do cristianismo. A ideia era de que muitos valores não eram subjetivos a diferentes culturas ou períodos da história, mas sim valores universais e divinos (ou seja, eternos).
Durante toda a Idade Média, esses valores estavam enraizados no pensamento ocidental. No entanto, houve uma revolução filosófica que começou no Renascimento e se consolidou com a Modernidade, por pensadores como René Descartes, Immanuel Kant e outros, questionando se a verdade era realmente absoluta. Essa ideia se consolidou nos séculos XIX e XX com pensadores como Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, entre outros.
Esse relativismo sobre o que é certo ou errado abre margem para muitas opiniões distintas, já que as discordâncias são cada vez mais intensas. A tendência é a polarização, o que gera injustiças, desentendimentos e enfraquece a colaboração entre as pessoas na sociedade. Isso pode ser perigoso, pois pode levar até a guerras civis ou, em casos mais extremos, a guerras em larga escala, caso uma nação se sinta à vontade para invadir outra fragilizada internamente.
Alguns desses pontos já estão claros: se o que é certo ou errado é relativo, a interpretação jurídica também pode ser afetada. Ou seja, a injustiça que mencionamos no início do texto, envolvendo o policial, começa a fazer mais sentido.
A polarização já é evidente, assim como a enorme divergência de ideias. Os sintomas dessa relativização moral estão claros no Ocidente. Espera-se que a parte de uma guerra civil não se repita, pois, em momentos de fragilidade interna, potências externas poderiam explorar essa vulnerabilidade, ampliando o risco de conflitos em larga escala.